Que tal refrescar a memória?

Não é aquela competição de jogar um balde cheio de água gelada na cabeça. É talvez um dos melhores artigos e reflexões que li nos últimos tempos a respeito da situação atual do Brasil, num comparativo com a de anos anteriores. O mesmo é de autoria de José António Brito - página 2, A Notícia do dia 05/9. Vale a pena ler:
"Às vezes os leitores escrevem a dizer que tenho uma visão muito otimista do Brasil. Dizem que isso vai na contracorrente da onda de pessimismo vivida no país. A resposta é sempre a mesma: é uma questão de memória. Muitas pessoas que viveram no Brasil de décadas atrás parecem ter esquecido os fatos. E as novas gerações nem imaginam como as coisas eram nessa época. Hoje proponho um exercício de memória.

Enquanto  jornalista, cobri um evento que discutia a (hiper) inflação: mais de 2.400% em 1993. Acredite. Os funcionários dos supermercados remarcavam os preços enquanto as pessoas faziam as compras. às vezes, a gente tinha que correr para pegar o produto antes da remarcação. Passar cheque era piada: qualquer comprinha tinha valores de seis ou sete dígitos. Overnight? Imagine um investimento que você faz hoje para resgatar amanhã.

Emprego? Acho que é dessa época a expressão "matar um leão por dia". Os trabalhadores eram  obrigados a exceder os níveis de produtividade, porque ter um lugar no mercado de trabalho era quase um privilégio. Salários? O peso do trabalho no valor final dos produtos era irrisório. O risco do desemprego era chicote que os donos dos meios de produção usavam para manter as coisas como estavam. O País tinha uma dívida externa impossível de pagar e quem decidia sobre nossas vidas eram o FMI e o Banco Mundial.

Para fazer pós-graduação era comum sair de Joinville. Acha que hoje é duro|: Fiz muitos quilômetros pela BR-101 para estudar em Curitiba. A estrada era precária, mas havia menos carros. Porque era um luxo. Em 1994, um Fiat Uno novo custava o correspondente a R$ 100 mil atuais. pode? Aliás, vale lembrar que entre 2001 e 2012 a frota de automóveis passou de 24,5 para 50,2 milhões. Bem melhor, né?

Uma boa parte dos pessimistas só pode ter falta de memória (talvez por se darem bem naqueles tempos), ou não têm parâmetro de comparação)deve ser o caso dos mais jovens). Enfim, o pessimismo de hoje parece cantiga de ninar perto do pessimismo de outros tempos. Está ruim? Já foi muito pior"

Acrescento, gente que sequer viajava de ônibus, hoje viaja de avião e a qualquer atraso faz o maior banzé, como se fosse muito importante. Entra no restaurante e faz de  entendido em vinho, quando em casa tomava vinho tinto com água e açúcar porque achava amargo. Conheci muita gente brigando com  os porcos por causa do jarivá. Hoje se chover, chove dentro do nariz de tão empinado que anda.E se assim caminham os descontentes que não querem ver a classe média de mudar de vida e o Brasil, ser o País da classe média.



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