Janot enfraquece movimento pró-impeachment

Ao excluir Dilma de lista, Janot enfraquece movimento pró-impeachment

Mário Magalhães
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Passeata pró-impeachment em São Paulo – Foto Eduardo Anizelli/Folhapress
Passeata pró-impeachment em São Paulo – Foto Eduardo Anizelli/Folhapress

Uma das maneiras de aquilatar a relevância de uma notícia é imaginar como seria caso ocorresse o contrário.
Por exemplo, se o procurador-geral da República tivesse recomendado a abertura de inquérito para apurar eventuais responsabilidades de Dilma Rousseff na roubalheira da Petrobras.
Como se sabe, Rodrigo Janot concluiu o contrário, que inexistem indícios que justifiquem investigação sobre a presidente da República no âmbito da operação Lava Jato, assim como se negou a sugerir ao Supremo Tribunal Federal inquérito sobre o senador Aécio Neves.
Dilma e Aécio não estão incluídos na lista encaminhada pelo procurador ao STF solicitando que políticos sejam investigados.
Uma das maiores esperanças dos movimentos pró-impeachment da presidente constitucional era que Janot a associasse à bandalheira.
Se assim tivesse feito, poderia haver crise institucional e radicalização ainda maior do ambiente político.
Reforçaria os argumentos de quem propõe o afastamento da presidente eleita pela maioria dos brasileiros em outubro: ela tem de sair porque participou de corrupção na Petrobras, proclamam.
Foi exatamente o contrário o que ocorreu: de posse do conjunto de delações premiadas, o procurador sustenta que Dilma nada tem a ver com as maracutaias na empresa de petróleo.
A campanha pró-impeachment terá de se contentar com opiniões que fundamentam a defesa do “fora, Dilma'' sem vinculá-la a ações propositais, com dolo, no lamaçal da Petrobras. Difícil, por mais que a Opus Dei esperneie.
Não suponho que a convicção de Janot vá fazer com que uma só pessoa disposta a comparecer aos protestos pró-impeachment, em 15 de março, mude de ideia. Tais opositores eram contra Dilma antes da eleição e continuam sendo agora.
Mas quem abraça a legalidade sabe que o procurador-geral fulminou o álibi constitucional _um possível crime de responsabilidade_ para derrubar a presidente. O movimento pró-impeachment se enfraquece com o  revés.
Nada que impeça, reitero, que os atos do dia 15 reúnam milhares de manifestantes.

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