Um viva ao voluntariado e à mobilização


Por Valdir Cimino, presidente da Associação Viva e Deixe Viver.
No dia 16 deste mês, um domingo, a Associação Viva e Deixe Viver, que treina e capacita voluntários para se tornarem contadores de histórias em hospitais para crianças e adolescentes internados em oito mercados distintos do país, celebrará a formatura de uma nova safra de voluntários. Não por acaso, esta é também a data em que se comemora o Dia da Mobilização Nacional. Some-se a isso o fato de no dia seguinte, 17, o Viva completar 18 anos de história e temos um agosto muito especial.
Mas, para além de todas as celebrações, penso que este é o momento adequado para refletirmos sobre o voluntariado, mobilização, bem-estar infantil, humanização da saúde e acesso à educação, temas muito caros a mim pessoalmente e, claro, ao Viva ao longo dos últimos 18 anos, período em que 832.186 crianças e adolescentes foram atendidos por nossa equipe de contadores de histórias nos 90 hospitais parceiros da Associação. Indiretamente, ainda impactamos mais de 1,2 milhão de pessoas, entre familiares dos pacientes hospitalizados e profissionais da saúde.
A importância do nosso trabalho está comprovada em pesquisa realizada pela Fundação Itaú Social em parceria com o Hospital Municipal Menino Jesus: 100% dos entrevistados acreditam que a contação de história ajuda a melhorar o bem-estar da criança ou adolescente. Do universo pesquisado, 73% dos pais pretendem aumentar o número de vezes que contam histórias para seus filhos e 98% consideram a contação de histórias como um caminho de aproximação com o filho. Mais: para 99% dos entrevistados, a contação de histórias ajuda na recuperação da criança ou adolescente.
Esses números dão a medida do tamanho do nosso desafio e da dedicação do nosso grupo de voluntários, mas também evidenciam a carência do nosso país. Precisaríamos de muitos outros programas com objetivos similares aos nossos para dar conta da necessidade premente de humanizarmos cada vez mais os ambientes hospitalares, levando mais bem-estar às nossas crianças e acesso à leitura.
Na prática, nossa matéria-prima são a leitura de obras infantis, as brincadeiras, a criatividade e o bom humor dos voluntários, que doam, cada um, pelo menos dez horas mensais a essas atividades, sem falar de nossas diversas atividades culturais espalhadas ao longo do ano.
Penso que esse tipo de mobilização (apoiada pelo marco legal do terceiro setor) é essencial para que as entidades governamentais percebam a força da sociedade civil organizada frente a desafios relacionados à saúde e educação, por exemplo. Nessa esteira, é necessário salientar que muitos dos projetos que desenvolvemos nos últimos anos foram tocados em parceria com os Ministérios da Saúde e da Educação e Cultura.
Para cumprir sua missão e se manter, a Associação necessita de recursos que são obtidos através de projetos incentivados pela legislação federal, estadual e municipal, e também aportes e patrocínios da iniciativa privada. Em tempos de instabilidade econômica, como os que vivemos, muitas empresas optam por suspender investimentos em desenvolvimento humano e social. Em minha opinião, este é um erro estratégico: é justamente nesse momento que precisamos investir nas pessoas, na mudança social. Uma marca precisa investir em quem constrói.
E o Viva precisa dessa ajuda. Nossa sustentabilidade e a execução de nossos projetos têm um custo anual de R$ 2,6 milhões. Caso fossem remunerados, o trabalho de nossos voluntários demandaria um valor adicional de R$ 2, 5 milhões, de acordo com pesquisa realizada pela Qualibest. Contar com pessoas qualificadas, que doam o seu tempo, é um dado que muito nos orgulha e indica a riqueza de nosso capital humano.
E comprova que, de fato, há um potencial enorme a ser explorado quando falamos em voluntariado e mobilização.

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