Decida você mesmo

Você já deve ter ouvido - e muito - a recomendação "Não se deixe emprenhar pelos ouvidos". Pois é. Agora é o momento em que você deve prestar bastante atenção a este conselho, e decidir pela sua própria consciência. Até mesmo este artigo, se você achar prejudicial, ignore-o. Só que ele não é invasivo como outras mensagens. Aqui, se você não quer ler, basta não comprar o jornal e ignorar o que está escrito. O que não dá para escapar é daqueles do "Ctrl C + Ctrl V" que invadem sua caixa de mensagens e tentam fazer a sua cabeça. Você que me dá o privilégio de sua leitura pode constatar que tenho minhas preferências, mas que nunca pedi que você siga as minhas opiniões como se fossem as únicas verdadeiras. Há, sem dúvidas, uma diferença. Também não leu nenhum artigo ou mensagem em que falo mal de um candidato, de sua formação, de seu caráter. Tenho minha convicção e isso não escondo de ninguém. Espero também que você haja assim. Com isso quero apenas alertar que estamos às vésperas das eleições, as mais importantes do País, em que renovaremos governos estaduais, dois terços do Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e, o mais importante, o presidente do Brasil. Portanto, o momento é muito importante e esta decisão deve ser só sua. Ouvir as propostas e assistir os programas eleitorais sem se deixar influenciar é a grande sacada. Se você fica meio sem jeito de dizer na cara dos pretendentes que não vai votar neles, faça como a maioria deles: minta. Não é nenhum pecado, pois você só está usando a mesma arma. O voto realmente é secreto e este sigilo só pode ser quebrado por você. Declarar seu voto é um direito seu também. Agora, no momento de teclar a urna eletrônica, cabe apenas a você decidir em qual o número e candidato em que quer votar. O importante é que você vote. Participe. Não se aliene. Cumpra com seu papel de cidadão. Vote com convicção e não por empulhação. O ser humano foi definido, até hoje, de muitas maneiras. Ele é "o animal que trabalha" (Marx), "o animal não fixado" (Nietzsche), "o animal que troca" (Simmel), "o animal que fala" (Saussurre), e assim sucessivamente, conforme o enfoque predominante em cada pensador. Nenhuma definição é suficiente: sendo criador de cultura, o homem está sempre recriando a si próprio. Uma leitura livre de uma passagem da Fenomenologia do Espírito, de Hegel, permite propor outra definição, igualmente parcial: o homem é "o animal que erra". Em versão mais forte, é "o animal que mente". "Se a natureza comete um erro, ela o elimina. Só os erros cometidos pelo homem perduram indefinidamente e se propagam longe, graças à linguagem. Pode-se definir o homem como um erro que se mantém na existência, que perdura na realidade (...). O homem é o único (animal) que pode enganar-se sem, por isso, ter de desaparecer: pode continuar a existir, mesmo enganado a respeito do que existe; pode viver seu erro ou no erro; o erro ou o falso, que nada são em si mesmos, nele se tornam reais". Para que seja assim, como Hegel enfatiza, são imprescindíveis os artifícios da linguagem. "Mostra-me como argumentas e te direi quem és", alguém poderia dizer. Portanto, se tiver que errar, erre só e não se deixe induzir ao erro pelos outros. Não esqueça que é você quem decide.

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