De FHC a Lula, uma alta de 1.500% na Bolsa

No governo do ex-presidente tucano, Ibovespa avançou 159%; no do petista, ganho acumulado é de 535%
Aline Cury Zampieri, iG São Paulo | 08/11/2010 05:15
Para chegar a uma Bolsa com promessas fortes em consumo e infraestrutura, os negócios com ações no Brasil passaram por uma forte evolução. Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o comando do País, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), estava apenas no patamar de 4.300 pontos e registrava cerca de R$ 300 milhões em negócios por dia. Após 16 anos, Lula passa o bastão a Dilma com um índice na casa dos 72 mil pontos – uma alta de 1.500% - e uma Bolsa que negocia nada menos que cerca de R$ 5 bilhões diários.

A Bolsa de FHC
No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) o Ibovespa subiu 158,8%. As ações que lideraram os ganhos foram basicamente as de empresas que vendem commodities e as blue chips (as mais líquidas da Bolsa: Petrobras e Vale). Já com Lula, o Ibovespa teve alta de 535% e as commodities ainda estavam presentes, mas com menor peso. Os papéis de consumo já marcavam presença na lista de maiores altas.

“No começo de Fernando Henrique, a economia estava em transição”, diz Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora. “A distribuição de renda ainda não era adequada e o consumo era fraco. Vale e Petrobras acabavam sendo os chamarizes para os investidores.”

Ações que se beneficiaram dos processos de privatização de suas empresas também brilharam de 1995 a 2002. “Fora AmBev e Souza Cruz, que são histórias de consumo conhecidas pelos gringos, Vale, CSN e Embraer são histórias de privatização”, conta Lika Takahashi, coordenadora de análise de investimento e estrategista da Fator Corretora.

A AmBev foi a maior alta do governo FHC, com 1.206%, seguida por Petrobras (917%), Souza Cruz (902%), Itaú Unibanco (881%), Gerdau (770%) e Vale (659%). A Embraer, citada por Lika, subiu 211,5%.

A executiva da Fator também lembra que a visão do mercado sobre a gestão de estatais durante o governo FHC beneficiou empresas como a Petrobras. “A capacidade de gestão das era mais bem avaliada.” A presença do Itaú na lista – o ranking das dez mais também tem sua holding, a Itaúsa (+497%) – é explicada por Lika como um jogo de ganha-ganha para os bancos. “Os bancos são sempre os bancos no Brasil. Sempre ganharam com os juros altos.”

Outro fator característico da Bolsa de FHC era a concentração por setores. Como o mercado era menos desenvolvido, vivia de histórias grandes e conhecidas pelos investidores. Com o aprimoramento dos sistemas e o próprio crescimento do mercado de capitais, no governo Lula, novos representantes começaram a aparecer e a Bolsa se pulverizou.

A Bolsa de Lula

Os especialistas dividem a Bovespa de Lula em duas partes: primeiro e segundo mandato. “Nos primeiros quatro anos do governo, o mundo viu um ciclo muito favorável para os preços de commodities”, lembra Catarina Pedrosa, diretora da área de gestão de recursos do Banif Investment. Esse quadro deu fôlego para algumas das maiores altas de todos os oito anos, como Usiminas (+2.635%) e CSN (+2.599%).

Já o segundo mandato começa a sentir os efeitos das políticas de distribuição de renda do governo e do crescimento maior da economia. Em média, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,3% ao ano no governo de Fernando Henrique e 4% com Lula.

“A melhora do consumo e do crédito abriu espaço para que representantes de outros setores se destacassem na Bovespa”, diz Galdi, da SLW. A expansão econômica também fez com que mais empresas buscassem o mercado de capitais para se financiar, ampliando o número de ações negociadas na Bovespa.

Nesse cenário, companhias ligadas a consumo e infraestrutura começaram a aparecer. Foi o caso de Lojas Renner, que liderou os ganhos do governo Lula com 9.562% de alta, Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR, com 3.538%), Lojas Americanas (+2.416%), TAM (+2.038%), América Latina Logística (+1.747%) e Banco do Brasil (+1.530%).

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