Pedros, pedras e pau-brasil

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     Insignes imperadores coloniais.  Infortunadas disputas territoriais. Insipientes aldeamentos tribais. Ibirapitanga em seiva cobiçada. Ipiranga em margem proclamada. Independência parcelada. Maioridade antecipada. Tronos e tribos. Cetros e caras pintadas. Mantos e picadas. Bandeiras e entradas. Vilas edificadas. Capitanias povoadas. Algemas e grilhões. Cativos e catequizados. Povos dizimados. Nações errantes. Pedras preciosas além dos diamantes. Riquezas dos navegantes.
       Oh! Pedro, aquém de uma prelazia! Oh! Pedro, além de um sermão pela cidadania. Oh! Pedro, da fazenda da Gamada em cantoria! Oh! Pedro, da pátria de sapé antes e depois de qualquer canavial. Oh! Pedro, do país tropical. Oh! Pedro, do estado federado! Oh! Pedro, do arco empunhado! Oh! Pedro, do senado republicano! Oh! Pedro, do milenar vaticano!
       Quem será por vós, agricultor despejado? Quem será por vós, brasileiro da cidadania perdida? Quem será por vós, habitante da terra dita invadida? Quem será por vós, povo indígena sepultado em mais de uma urna funerária? Quem será por vós, xavante ignorado por mais de uma reforma agrária?
       Por hora, nem uma rainha, tampouco um reinado. Por minuto, nem um rei, nem um príncipe emancipado. Por segundo, nem um cavalo, nem um cavaleiro armado. Por hora, nem uma torre vigilante, nem uma torre em monte encastelado. Por minuto, nem um bispo, nem um ministro cristão. Por segundo, nem uma força armada, nem um peão.
       Mais do que um jogo no tabuleiro da democracia constitucional. Mais do que um pavimento alicerçado em princípio legal. Mais do que uma terra em disputa judicial. Mais do que um celeiro removido. Mais do que um cemitério em lápide escavada. Mais do que uma pajelança institucionalizada.
       Oh! Pátria, nem sempre justa, nem sempre perfeita, nem sempre gentil! Oh! Pátria, nem sempre dos Pedros, nem sempre das pedras em cantos mil! Oh! Pátria, nem sempre amada, nem sempre pau-brasil!
Airton Reis é poeta em Cuiabá-MT. airtonreis.poeta@gmail.com

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