Ópera da operação!


        Um maestro fiel a partitura em nada medieval. Uma apresentação matinal. Um coral cadenciado. Um ente federado. Um instrumento afinado. Uma orquestra melodiosa. Um cravo despetalado. Uma rosa sem jardim. Um solista. Uma torre de marfim. Um princípio. Um meio. Um fim. Um anjinho levado. Um querubim disfarçado.
         Uma regência federal. Um aparato musical. Um violino. Um piano. Um país republicano. Um público mais do que pagante. Uma bilheteria lotada. Uma papelada. Um papelão. Uma busca. Um mandado. Um contraponto. Uma harmonia. Um saque. Uma pirataria. Um gesto. Um manifesto. Uma democracia. Uma banda. Um vocal. Uma sinfonia estadual. Um canário da terra. Um pardal de Portugal. Uma anhuma do Pantanal.
         Uma investigação. Uma marcação. Um Estado. Um município. Uma capital. Um país. Um tribunal. Uma corte. Uma beca. Um bico. Um bocado. Um dedo indicador. Um amigo. Um conselheiro. Um salário promissor. Uma empresa. Uma negociação. Um voto de confiança. Uma aliança eleitoral. Uma receita experimental. Um lirismo popular. Um dom de iludir. Uma aptidão para enganar.
         Sentidos e sentimentos. Palácios e parlamentos. Tenor e contratenor. Deputado, ex-secretario e governador. Baixo e soprano. Contralto e contratador. Obra conjunta. Obra séria. Obra bufa. Obra notável. Obra imediata. Obra francesa. Obra alemã. Obra brasileira. Obra cidadã. Obra em Portugal. Obra pré-copa mundial. Malas e maletas. Pás e picaretas. Lavagem sem sabão. Varal sem pregador. Escala e escalão. Máquina e maquinação. Construção e construtora. Delação premiada. Factoring de fachada. Pistola e pistolão. Voz de prisão. Projeto e incorporação. Terraplanagem inacabada. Temporada prolongada. Reserva prisional. Jornal local. Jornal Hoje. Jornal Nacional.
         Artigos indefinidos. Sujeitos nem tão ocultos assim. Verbos conjugados em mais de uma pessoa. Gente grande. Gente gigante. Gente pequena. Gente agente. Gente gerente. Gente secretariada. Gente flagrada. Gente aprisionada. Gente conduzida. Gente maculada. Gente enriquecida. Gente lesada. Gente dormente. Gente acordada. Gente berrante. Gente boiada na invernada.
         Ópera deflagrada. Ópera em execução. Ópera do espião. Ópera do grilo falante. Ópera da borboleta sem asa. Ópera da colméia sem zangão. Ópera do cupinzeiro em mais de uma infestação. Ópera do bicho carpinteiro em mais de uma lotação. Ópera do dinheiro na escala do cifrão. Ópera do “operário” contratado em outro “mensalão”. Fim da linha. Parada final. Palco em nada teatral. Cortinas fechadas. Palmas e ovação. Provas e prisão. Maestro sobre fiança. Mato Grosso em vexatória governança. Cuiabá em contraditória administração. Operadores do Direito em argumentação. E os fatos?     
         Relatos? Regatos? Retratos da corrupção... Viva a liberdade de expressão! Louros? Besouros? Veteranos ou calouros? Bilheteria? Esgotada... Ópera da operação!

Airton Reis, professor, poeta, embaixador universal da paz, vice-governador da Associação Internacional de Poetas – Mato Grosso.

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