Vo(l)tando no tempo

A ocasião é oportuna e não sei se é voltando ou votando no tempo. Mas diante de declarações, principalmente de pessoas inconformadas com o resultado das eleições, cabem algumas considerações e relatos. Li muita gente pregando a volta dos militares ao Poder, muitos alienados e que demonstraram que a democracia só vale para alimentar os seus interesses escreverem que querem a volta da Ditadura. Coitados, se na época escrevessem estas bobagens estariam no fundo dos porões do DOPS, ou até hoje na lista dos desaparecidos. Provam que não viveram, não estudaram nem leram a respeito. São os famosos contra o C e contra o V. Estamos na quarta maior democracia do mundo e aí está a prova. Aos que manifestam vontade de ir embora do Brasil, boa viagem. É o livre arbítrio e não serei eu a segurar ninguém. Aqui está ruim, experimentem outra democracia. Separar o Brasil com um muro, também estou de acordo. Vamos construí-lo  nas nossas divisas com o Oceano Atlântico, e os incomodados que pulem para o outro lado. Afinal os descontentes e incomodados é que se mudam. Quantos aqui do Sul recebem Bolsa Família? Quantos recorrem ao SUS sem precisar para obter seus remédios? Quantos imigrantes europeus chegaram aqui no Sul com uma mão na frente e outra atrás? Ganharam terras, empréstimos e ajuda do Governo? Ninguém veio em primeira classe, todo mundo no porão dos navios, fugindo de seus países ou sendo deportados.  Chega de sacrificar os nordestinos. Além de lamentável, por parecer o discurso da “raça superior ariana” utilizado em outras oportunidades, a maioria dessas falas é claramente equivocada (para ser delicado). Basta fazer contas: se a diferença entre Dilma e Aécio foi de aproximadamente 3,5 milhões de votos e a soma dos sufrágios da petista na região sul foi de cerca de 6,7 milhões, é fácil perceber que ela dependeu também dessa região para se eleger. Para que se deixar dominar pela raiva e pelo ódio que está estampado em muitas postagens. Vocês estão raciocinando pelo fígado,  e isto é pior que  o ebola. Como vivi e escrevi durante o período da revolução, e olha que escrevia sobre esporte, quase toda semana era convocado para comparecer frente ao Comando do 5º  BEC – Batalhão de Engenharia e Combate em Porto União para dar explicações ao comandante finado Ricardo Gianordoli.  Ele era o presidente do Iguaçú Esporte Clube e os jogadores moravam no Batalhão. As empresas eram convocadas “livre e espontaneamente”  a manter o Clube. Jornal aberto em sua mesa e todo marcado em vermelho o que não lhe agradava, e lá vinham as ameaças. Nunca me desencorajei. Já em outra ocasião a Marly Puzzina viúva do saudoso Alexandre Puzzina, várias vezes prefeito de Porto União e Deputado Federal, trouxe um palestrante de Curitiba para falar a um público convidado na sede do Clube Apolo, em União da Vitória. Se não me falha a memória era Tokiashi Saito o nome dele. Durante a palestra ele falou em “ÂNUS”. Foi o que bastou. No dia seguinte fui arrancado de meu trabalho e Zuleika da escola. Não houve intimação. É que o Juiz de Direito um tal de doutor Matiolla, não recordo o primeiro nome, não gostou do uso da palavra “ÂNUS” pelo palestrante e nos recolheu em sua sala no Fórum, passando uma descompostura em todos, não respeitando nem o estado de gravidez de risco de Marly Puzzina, a mais humilhada de todas as  mulheres presentes, e onde ouvimos muitas ameaças. Imaginem vocês hoje reclamando de liberdade de manifestação. Vocês mandam a presidente tomar no ÂNUS. Ah! Estou esquecendo um detalhe,  aqui nunca teve Quartel do Exército. Vocês estavam longe desta vigilância. Portanto não brinquem com coisa séria. O feitiço pode virar contra o feiticeiro. A voz das diretas o saudoso Ulisses Guimarães levou o povo às ruas, mas sem máscaras e gorrinhos, sem quebras e destruição. Graças a Deus nossos militares querem distância do Poder e estão aí muito bem equipados para defender nossas fronteiras. Como canta Almir Sater: A mão que toca um violão se for preciso faz a guerra. Mata o mundo, fere a terra. Paz brasileiros.