O escritor


Havia um quê na história, que nunca consegui decifrar.
Um tanto de lenda, um tanto de mito, aquela mania
de misturar o real e o imaginário
....


Belvedere Bruno


Diante de suas narrativas, sentia-me vazia de vida.  Enriqueceria  o seu dia a dia com a força da   imaginação de escritor?  Assim pensando,  conseguia me  conformar  com   aquela   eterna sensação de viver em câmera lenta. Como tudo podia ser tão efervescente na vida daquele homem?
Por  vezes , os fatos  soavam  até inverossímeis, mas sentia que, para ele, era vital  aquela dose extra de adrenalina que o processo de criação lhe proporcionava. Narrando,  ele acreditava, e aí estava a força de sua realidade.  Sentia que não havia mentira, ao menos da forma convencional . Criando,   roteirizava  a vida, o   que o  tornava um   ser incomum.   Fazia-me  sentir novos  sabores, ver   matizes inimaginados,  aspirar aromas  inebriantes.     Mas onde estaria a realidade naquele mundo que  parecia delirante e,  nem por isso, menos encantador?  
  Subitamente, me vi fora de prumo.  Na   mente , um emaranhado de ideias desconexas.  Tateando, busquei   bússolas...
O  ponto final foi inserido no contexto por conta da  minha total  falta de habilidade em separar o mundo real daquele mundo  colorido de faz-de-conta. Não tinha, como o escritor, o dom de viver em universos paralelos. Disse-lhe  adeus .  Um adeus sem cores e  fantasias. 
                                                      Voltei, então,  a viver em câmera lenta.

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