A comoção do bem - O luto verde e branco

                Na Mocidade Independente de Padre Miguel
                           Na praia de Copacabana
"Envolva uma pessoa em uma comoção coletiva ou pressão midiática e você saberá quem ela realmente é".

Sempre acreditei que a vida das pessoas só muda através de traumas. Para que eu possa perseverar no meu desejo de ser como Jesus, eu preciso cuidar da minha humanidade. Jesus era 100% humano, por isso, para imitar Jesus, preciso ser 100% humano também. Preciso ser gente! Sem excluir minhas emoções ou sem me limitar a elas! Assim, seja diante de uma pequena emoção, ou mesmo diante de uma comoção somática violenta, não me encontrarei desnorteado. Não terei dúvidas sobre para onde devo me dirigir ou quem realmente devo ser!
Em contato com pessoas, percebo que várias alterações no caráter, mentiras, crises, neuroses começam ou se agravam a partir de uma desorientação existencial. Você certamente já  conheceu alguém que era da Igreja, da comunhão diária, coordenador da pastoral tal ou de algum grupo de oração, ou mesmo aquele padre ou consagrado (a) que, depois de um tempo, abandonou tudo. Existe também aquele que permanece na Igreja, mas nunca dá o "passo decidido" para uma conversão sincera. Passa a vida toda participando das missas, mas não muda de vida efetivamente. Por que isso acontece com as pessoas? O que lhes faltou? Por que dezenas de cristãos começam seus caminhos juntos e, depois de alguns anos, apesar de terem ouvido as mesmas coisas e serem formados do mesmo jeito, apenas alguns permanecem. Graças a Deus, isso não acontece com "todos", mas hoje, mais do que nunca, percebemos que para algumas pessoas a Igreja se tornou um refúgio temporário e descomprometido. Infortúnios assim acontecem até mesmo com aquelas pessoas que inicialmente parecem viver uma conversão fulminante: das drogas para o sacrário, da prostituição para o celibato consagrado, do alcoolismo para um cargo de coordenação em uma paróquia. Do presídio para o, púlpito de alguma Igreja evangélica. De quem é a culpa? Será que tudo depende de circunstâncias? Do momento? De comoções. De tragédias? Não esqueçamos que as palavras comovem, mas o exemplos arrastam.

O exemplo da Chape
A tragédia que dizimou a equipe da Chapecoense, até então conhecida apenas no Estado e ganhando projeção nacional, impulsionou seu nome para o mundo como nenhuma conquista futebolística por mais importante que fosse o faria. Mexeu e comoveu as pessoas embalçadas na tristeza de uma perda coletiva. Foram além de jogadores, dirigentes, profissionais de imprensa, funcionários do clube  e os irresponsáveis e gananciosos condutores da Lamia. Centenas de outras vítimas enlutadas  na viuvez , na orfandade. Veio a comoção, o desespero, a dor da perda, o sentimento da impotência, as homenagens e a saudade. O mundo soube e se comoveu. A solidariedade veio em todos os idiomas e de todas formas. 71 vítimas tiveram seus sonhos e vidas interrompidas. Seis sobreviventes ficaram com a missão do exemplo, de contar a história e talvez algo muito maior que ainda não aprendemos a decifrar. Dizem que nada acontece por acaso e que nenhum fio de cabelo cai ao chão sem a vontade D  
Ele. Uma certeza, o ser humano, embora existam umas bestas no meio deles, é muito superior e sabe repartir não só as alegrias, mas a dor e a solidariedade. Fiquei impressionado e positivamente, inclusive comovido com as demonstrações que presenciei e os comentário que ouvi. Estive no Rio de janeiro por onze dias e bastava dizer que era catarinense para que logo ouvisse: Da terra da Chape. Todos sabem a história do time, da ascensão que vinha tendo e que conquistou o coração de todos. Ouvi muito: Hoje a Chape é o segundo time dos brasileiros". As homenagens e lembranças como nas fotos acima estão em Escolas de Samba, nas praias e nas obras de artista anônimos, mas que guardam em seus corações sentimentos e encontram a forma de expressar com sua arte. Os quatro sobreviventes brasileiros, três jogadores e um narrador, a propósito que continua com sua missão de contar e não permitir que tão facilmente esqueçamos, não são heróis, são apóstolos e tem uma grande missão. Os povos sem lideranças expressivas mostram que é fácil viver em paz, dar-se as mãos, ajudar mesmo que seja através de uma simples mas honesta oração e pedir que sejamos melhores. Aprendemos até a amar os irmãos colombianos, antes tão tripudiados e detestados, todos colocados em um mesmo plano pelo envolvimento com as drogas. Deram uma lição para o mundo, mostraram o que é desportividade, civismo, humanidade, carinho e que o mundo pode ser melhor. Que Deus nos abençoe e abençoe a todos e que nunca esqueçamos,  e que a tragédia não tenha sido inútil.

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