O CURATIVO
O CURATIVO Quando chegamos à favela onde morava Severina, ela estava fora de seu barraco, ao ar livre, sentada sobre um banquinho e uma jovem mulher, agachada, limpava a imensa ferida que se formara em sua perna, a ponto de, em algumas áreas, visualizarmos a parte óssea. Com competência, ela limpava todos os cantos da ferida e colocava pomada, espalhando com uma espátula. Preocupada com as moscas, que vinham a todo momento, tinha um grande abano ao lado para enxotá-las. Sabia o quanto seria prejudicial uma delas pousar naquela ferida , já tão difícil de ser tratada. Severina pertencia ao grupo de idosas carentes que ajudávamos. Na realidade, as assistidas naquele centro comunitário eram quarenta . A maioria acima de setenta anos. Há algum tempo, Severina se ausentara, e sabíamos que tinha uma ferida na perna, porém não imaginávamos que o caso fosse tão grave. Como morava em área conturbada, com tiroteios diários, pedimos a duas assistidas, que eram su