Quando acabar o fôlego da Lava Jato
Daniel Medeiros* No início dos anos 90, um funcionário público ligado ao Partido Socialista Italiano, Mario Chiesa, foi preso, acusado de usar uma empresa de fachada para receber propinas de prestadoras de serviço ao governo italiano. Caso típico de corrupção, de relação espúria entre agentes públicos com empresários, envolvendo superfaturamento, apropriação indevida de recursos públicos e financiamento ilegal de candidaturas. A diferença, neste caso, é que Mario Chiesa “caiu atirando”: denunciou vários “colegas” de envolvimentos semelhantes. A investigação então se espalhou e – estimulando as delações dos envolvidos em troca da diminuições das penas - atingiu cerca de cinco mil pessoas, virando de cabeça para baixo o sistema político italiano, ferindo de morte os três maiores partidos desde o fim da Segunda Guerra – O PDC, o PSI e o PCI – e abrindo caminho para os “não-políticos”, como o empresário Sílvio Berlusconi, chegarem ao poder. Nesse momento, parecia que, deixando os po