A despedida do Bobi


Já tive que tomar várias decisões em minha vida, mas nunca pensei em ter que dar autorização para sacrificar um amigo. Sim, um amigo. Bobi foi mais que isso. Um companheiro de mais de dez anos. Fiel, carinhoso, bonzinho, zelozo, obediente nem sempre, não se pode esperar a perfeição, principalmente de um cãozinho criado a ração e também muito amor. Nos apegamos aos animais pois eles passam a fazer parte de nossas famílias. Assim foi o Bobi, como sempre mais uma surpresa da Ana que depois se seguiu com o Mimi e o Zézinho. Bobi estava em uma caixinha no banco de trás do carro quando Ana, tarde da noite chegou e me pediu para ajudar a retirar sua bagagem. Uma surpresa agradável que chegou de Poços de Caldas/MG. Foi um cachorro diferente. Até seus olhos eram azuis. Adorava deitar de barriga para cima para que fosse coçado em sua barriga. Nas nossas viagens era o guardião infalível. A noite a Clarice tinha que ir colocar seu cobertor na casinha, sem o qual não dormia, mas cujo hábito de recolher não apredneu. Sabia que teria alguém sempre por perto e que iria vê-lo, ao menos uma vez por dia. Essa era uma das suas safadezas espertas. Também mantinha o hábito de só comer com alguém por perto. Os seus latidos e giros de alegria quando das nossas chegadas eram uma maneira de cumprimentar dando as boas vindas. Apesar de seu pequeno porte, nunca permitiu que alguém se atrevesse a entrar no quintal. Era amigo dos nossos gatos e com eles adorava brincar. Nunca foi um cachorro de rua, até por isso morreu virgem. Pena, não deixou ninguém de sua linhagem para ser lembrado. Um fofo a quem o veterinário e o pessoal do Pet também se apegaram. Foi muito mais amigo que muitas pessoas. Nunca fez mal a ninguém a não ser seus latidos que denunciavam não estar gostando de alguma coisa. Dizem que os animais não tem alma, mas o Bobi era diferenciado e muita gente poderia ter aprendido com ele que mais vale um cão amigo que um amigo cão. Saudades "bobinho", binho, fofo. Chorei por você. Preferi sofrer com a decisão do que ver você que nos deu tantas alegrias ficar sofrendo a espera do seu momento. Estou escrevendo esta mensagem e já lhe fiz o último carinho. Não quero ficar para ver você ser levado. Saio de casa com muitas lágrimas derramadas, os olhos inchados, uma dor no coração e uma saudade muito grande. Adeus e não sofra.

Comentários

  1. Ola Seu Pedro Esquiba

    Não poderia deixar de lhe dizer algumas palavras.

    Parabéns pelo teu carinho com os animais em especial com o Bob. Sei como é dificil tomar esta decisão, pois recentemente passei pela mesma questao. Cheique, meu cão amigo a 15 anos também teve de ser sacrificado. Há se a maioria das pessoas em São Bento do Sul e região tivessem a mesma nobreza que o senhor teve com Bob. Quantos e quantos vagam pelas ruas de nossa cidade e região, ou pior, estão amarrados em um pedaço de corrente, no sol e chuva e sem alimentação e água! É triste mas acontece. Peçamos a Deus que mais Pedros, Marias, Clarices, Lucianas... tenham a mesma atitude que o senhor teve em cuidar bem desse animal e dar-lhe uma vida e uma morte digna, sem dor e sofrimento. Pedro, parabéns mesmo pelo teu comentario aqui no blog e força na ausencia do BOB.

    " O justo olha pela vida de seus animais" Provébios 12:10

    " A compaixão pelos animais esta intimamente ligada a bondade de caracter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem"
    Arthur Schopenhauer

    Forte abraço,
    Marcio José

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