Quaresma também deve ser tempo de paz para os políticos

O desentendimento entre os deputados federal Mauro Mariani e estadual Antônio Mauro Aguiar, ambos do PMDB, legítimos representantes do Planalto Norte, começa a dar os primeiros sinais de que realmente um não quer sentar mais ao lado do outro. Para uma região que desde 1986 sempre viveu na orfandade política, abandonada, espoliada em seu potencial eleitoral e sempre lembrada como a terra do Contestado, é lamentável que os homens nos quais os eleitores confiaram para serem representados e numa tentativa de resgate da esperança e da autoestima, cujas forças unidas soavam como uma locomotiva reabastecida e rompendo as barreiras do descaso, desestimulem com seu exemplo de ruptura e reforcem o velho adágio que por aqui a “união” continue produzindo apenas açúcar. As demonstrações de afastamento dos dois líderes já atingem e comprometem até as solenidades. Aguiar, cidadão campo-alegrense por adoção, não compareceu ao recente lançamento da Festa da Ovelha. Mauro, por sua vez, deixou de estar presente e frustrou os formandos da turma do curso superior semi-presencial certificado pela Universidade de São Paulo – Unicid, em parceria com o Colégio Global. Patrono, foi representado pelo secretário regional Abel Schroeder, numa clara demonstração de atropelar o deputado Antonio Aguiar, paraninfo da turma. Em plena Quaresma, a parábola do Filho Pródigo é contada por Jesus após ter sido questionado pelos fariseus e escribas por ter acolhido os pecadores. A reclamação dos fariseus e escribas, eleitores (em nossos tempos defensores de Mauro e os de Aguiar), demonstra uma mentalidade segundo a qual ambos não devem aproximar-se dos bons propósitos ao mesmo tempo. Jesus, através desta parábola, ensina sobre a bondade e o amor de Deus para com todos, principalmente com aqueles que estão mais afastados desse amor, e que agir segundo a vontade divina é participar dessa festa de reencontro. Podemos aprender com os personagens desta parábola. O pai (Deus), aqui representado pela nossa região, tem um amor gratuito, incondicional e sem limites. Respeita a liberdade e a decisão dos filhos, permanece sempre, não muda, mesmo com a rebeldia do filho mais novo; ama sempre, perdoa e convida o filho mais velho a fazer o mesmo. Os irmãos (Mauro e Aguiar) não querem se reconciliar. Devem estar percebendo na distância que um quis buscar a sua realização longe da presença do pai (região), percebe a sua bondade e sua justiça, experimenta a angústia mas vê que ela está acompanhada de esperança (dos eleitores), de uma nova oportunidade, terá que demonstrar humildade ao reconhecer os erros e coragem para retornar. A festa da volta marcará seu reencontro com o Pai (região), consigo, com os eleitores e com a vida, portanto com a proposta da reconciliação. O outro cumpriu as regras e quer ganhar os méritos, está fisicamente perto do Pai (região), mas quilômetros distante de sua proposta. Não quer compreender o amor do Pai (região): julga e despreza o irmão, não quer reconciliar-se, não quer alegrar-se, resiste em participar da festa. A parábola deixa em aberto a resposta dos filhos, se aceitam participar da festa de reconciliação. A região nos quer como família e, apesar das infidelidades, continua a nos oferecer uma união capaz de nos fortalecer ainda mais. É necessário vivenciarmos a conversão. Ela é dom de Deus e exige reconciliação com irmãos e irmãs. Deixemo-nos guiar pelos critérios de paz, harmonia, e mostremos através delas a grandeza de nossos espíritos, o desapego ao egoísmo, o amor pela região e a capacidade de perdoar para crescer e fazer que os eleitores não sintam-se nem fariseus e nem escribas – e, ao invés de cobranças e intrigas, comemorem a paz. Vamos fazer uma região melhor, depende de todos nós.

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