Dia da árvore

sonia nogueira


Plantaram-me num solo ressequido

Mão carinhosa regou meu corpo inerte
Sumiu... não sei qual o motivo
As forças me abandonam, soa morte

Seis meses minha idade inda criança

Não darei sombra nem fruto suculento

Sorte ou sina dos que sem esperança

Vivem ou se aniquilam ao relento

Oi, pássaro, que me pousa no cantar

Traz para mim no teu bico um tiquinho

De água pra minha sede matar

Oh, amiga, dos meus ninhos solitários!

Que há de ti valer um pinço de água?

Se tua sede é maior que o itinerário

Do pingo que aqui leva á tua mágoa

Não se vá, meu velho companheiro

Em cada pingo a vida umedece

E pouco a pouco o firme nevoeiro

Quem sabe chora sua lágrima e prece

Oi, amiga! Que secura á tua pele!

Menina dá-me água tenho sede

Ó Deus sou pura e ouve minha prece

As nuvens rogaram ao tempo infinito

Compartilharam da prece da menina

O vento soprou qual santo aflito

Molhando a terra e alma que ilumina

Quatro em comunhão se abraçaram rindo

Ave, pássaro, menina e natureza

Mostrando que a nossa força pequenina

Cresce na fé, bondade, união firmeza

Salvem as árvores, nossa mãe vida!



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