PASSE NO BANHEIRO ANTES DE VIAJAR... Utilidade pública



Virgínia Schall - Colunista do Portal Uai
Auremar de Castro/Estado de Minas

Algumas vezes uma informação sobre saúde ouvida uma única vez pode ser relembrada por toda a vida,
gerando um comportamento preventivo. Esse foi o impacto de uma palestra, proferida por um cirurgião
de um pronto socorro cujo tema era a ruptura de bexiga por acidentes automobilísticos. Após a
palestra os banheiros estavam repletos e os comentários sobre ir ao toalete antes de entrar em
um veículo eram enfáticos, demonstrando que o recado fora ouvido.
Através de dados estatísticos e imagens precisas, o especialista demonstrou como, num acidente que pode
ser até banal, estando a bexiga cheia, há risco dela literalmente 'estourar'. Fatos assim, bem
demonstrados, são suficientes para, uma vez conhecidos, jamais serem esquecidos. Ao informar a
platéia atenta sobre a freqüência de atendimentos de urgência para sutura de bexiga derivadas de
acidentes de carro, percebeu-se rumores e olhares de temor no público em geral.
A causa mais comum das lesões da bexiga é a contusão (golpe externo), a qual ocorre, sobretudo,
devido a acidentes automobilísticos, podendo também decorrer de quedas ou lesões esportivas.
A maioria das rupturas da bexiga ocorre pelo trauma externo e tem como causa principal a bexiga cheia
durante o acidente. A bexiga cheia de urina absorve o impacto do golpe externo e não tendo resistência
suficiente, explode como um balão de ar. Através da fenda que se abre, a urina e o sangue invadem a
cavidade peritoneal, onde se encontram os intestinos, podendo provocar uma peritonite química
e infecciosa com enorme dor. Os principais sintomas são a presença de sangue na urina e a dificuldade de
micção. O diagnóstico precoce é importantíssimo, requerendo procedimentos radiográficos para
delimitar as lesões e avaliar os escapes de urina.
Portanto, bexiga cheia e acidentes automobilísticos podem ter sérias conseqüências causando desde
internações e até mesmo morte. As lacerações menores requerem internação, pois será
necessário tratamento com sondas uretrais para drenar a urina, o que dura entre 7 a 10 dias. Nesse
tempo, o tecido da bexiga pode cicatrizar sem intervenção. As lesões maiores com conseqüente
descontrole de sangramento ou o extravasamento de grandes volumes de urina para os tecidos vizinhos
podem exigir uma reparação cirúrgica. A sutura de bexiga não é um procedimento trivial. Requer um
trabalho delicado em um tecido difícil. Complicações podem ocorrer como inflamação da área suturada e até
infecções hospitalares, não muito raras em grande parte dos hospitais.
Entre os riscos de uma lesão grave está uma pressão arterial perigosamente baixa que pode acarretar
choque e morte.
Assim, é sempre bom passar no banheiro e esvaziar a bexiga antes de entrar em qualquer veículo
(automóvel, motocicleta, ônibus etc.), pois, se estiver vazia, o risco de rompimento diminui
drasticamente. Informação dessa natureza deve ser repassada, e aqui o boca a boca pode salvar vidas.

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