Gaiola

GAIOLA
Valerium


Na sala faustosa, o pássaro triste e cabisbaixo está na gaiola enfeitada.

O visitante entra, observa e pergunta ao dono da mansão.

- Que tem o canário? Solte-o, meu amigo, ele está muito tristonho.


E o anfitrião responde, abrindo a porta do pequeno cárcere.

- Veja, ele não sai. . .  É canário de gaiola.

Ai foi criado desde que nasceu. Não sabe viver fora dela. . .

E fecha a portinhola da prisão do pássaro triste que, mudo e quieto, respira chumbado à gaiola enfeitada, na sala faustosa. . .


*

Quantas criaturas humanas existem iguais a esse canário?

Pessoas criadas desde a infância na riqueza e no luxo vivem presas aos empréstimos transitórios do mundo, durante toda a existência na Terra, e, mesmo depois da morte, não se desvencilham de seus antigos pertences e propriedades.

Por mais se lhes abram as portas da liberdade espiritual, não se sentem com força suficiente para desferirem o vôo largo da independência, na amplidão das Esferas Superiores. . .


E ficam chumbados à carne passageira, em suas gaiolas mentais de ouro, por muito tempo, muito tempo mesmo, ante o Grande Futuro.
 Saiba mais, meu irmão, usar os empréstimos da vida, desapegando-se realmente do conforto escravizante, na certeza de que você chegou sozinho à estação do corpo e que sozinho há de sair dela.

Valerium
Extraído do livro “Bem-Aventurados os Simples”
Psicografia de Waldo Vieira

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