Seria cômico se não fosse trágico
Dizem que cada povo tem o governo que merece. Em parte. Temos
os políticos que criamos, que mantemos, que bajulamos, com os quais trocamos
favores, dos quais aceitamos benesses. O que não temos são políticos
preocupados com políticas públicas, macro. Formamos um verdadeiro curral eleitoral.
Somos baratos, fáceis de manobrar, crentes em promessas e falsos profetas. Os
políticos fazem de nós como aqueles pastores malandros que vendem cadeira no
céu. Agora, novamente diante de uma das maiores tragédias que atingiu parte de
nossa população - principalmente do Planalto Norte - sempre tão esquecido e contestado, assistimos
ao mais deprimente e desestimulador pronunciamento do governador Estado, homem
público e que representa todos os catarinenses, Mal informado, mal assessorado, foi à televisão e desrespeitosamente declarou
se tratar de apenas uma chuvinha sem maiores conseqüências. Ora bolas senhor
governador. Realmente para quem está protegido dentro de um palácio, que não
paga aluguel,rodeado de serviçais, não comprou os móveis que usa, perder o que
foi conseguido através de uma vida de lutas, sacrifícios, muito suor e trabalho,
não tenha grande significado. É mais ou menos como enfrentar na fila do SUS a
espera de um atendimento médico, coisa que talvez o senhor nunca tenha
necessitado. A dor e o desespero das pessoas devem ser respeitados. As
enchentes não escolhem entre pobres ou ricos, e são os primeiros os que mais
sofrem. Uma mãe pode ter 10, 20 filhos, mas a perda de um não diminui a dor.
Assim devem ser respeitadas as pessoas que foram vítimas das enchentes e que
terão que a seu custo e trabalho novamente reconstruir o que perderam. O
Estado? Este é sempre o último a chegar e verificar as tragédias. Ainda assim
mesmo que as chuvas tenham parado montam todo um aparato e sem molhar os pés,
vestem vistosas jaquetas a prova d’água, botas e capas como se fossem verdadeiros “capitães América”. Os
bombeiros, voluntários, o povo se arrisca no maior espetáculo de solidariedade
sem se preocupar se vai contrair uma gripe ou leptospirose. Pena que esta mesma
solidariedade não seja utilizada nas urnas para expurgar representantes
indignos e desrespeitosos.
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